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sábado

Célia

Pintava as unhas de azul. Negra e magra. Elegante,fazia seu trabalho sendo gentil com os passageiros. Nunca errou o troco e auxiliava os passageiros com dificuldades.
A cobradora da linha de ônibus que eu pegava sempre tem um nome forte: Célia. Quando a empresa demitiu todos os cobradores eu fiquei pensando nela. E nunca mais vi.
Ontem a encontrei. Mais magra, pele de outra cor e cabelos ressecados pela pintura e o alisamento. As unhas estavam feitas, mas escondia os olhos atrás de dos óculos escuros. Não perdeu a cordialidade, nem a desenvoltura de conversar com as pessoas. Ela quem veio falar comigo.
No pequeno trajeto, contou que tentou se matar três vezes. Falou dos remédios que está tomando e que está fazendo faxina para viver, mas tem dificuldade porque a medicação causa tonturas.
Espero ver Célia de novo e poder contar o próximo capítulo de sua história real.

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