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terça-feira

Teatro do Oprimido - mini-curso

Mini-curso de jogos teatrais para estudantes da pedagogia.
Leio Boal para me preparar.
As garotas gostam da ciranda, dos exercícios em dupla. Quero chegar em algum lugar.
Faço um exercício que exige olhos nos olhos e verdade. Duas garotas choram.
Conversamos. Elas me dizem que nunca nenhuma aula da faculdade exige que elas se dispam de suas máscaras. Elas me dizem que nunca em nenhuma aula da faculdade exige-se que se olhem nos olhos. Fico pensando para que servem afinal as aulas das faculdades.
Fico pensando que para fazer teatro, primeiro é necessário olhar bem a máscara que trazemos pregada à cara.
Elas me dizem que conviviam entre si, mas que agora podem garantir que têm uma relação mais próxima com as pessoas ali presentes.
Não dá tempo de fazer nenhum exercício de Teatro Fórum. Fazemos um de Teatro Imagem. As duas imagens que peço são família e trabalho.
O grupo que representa família, coloca uma pessoa estirada na mesa e as demais devorando-a. Explicam a seguir que a pessoa devorada é o filho mais velho.
O grupo que representa o trabalho, traz duas madames fofocando no salão de beleza enquanto são atendidas por um monte de trabalhadoras.
São imagens muito fortes e representativas de situações de opressão para estas meninas.
A imagem da família é superada por outra em que todos estão à mesa, mas de mãos dadas, olhando-se. Contudo, o pai continua na cabeceira e uma das pessoas beija sua mão.
A imagem do trabalho é substituída por outra em que as madames tornam-se empregadas. As meninas ficam frustradas porque pela quantidade nem todas as empregadas conseguem virar madames na imagem. Saio pensando que para elas a única maneira de superar uma opressão é oprimindo. Paulo Freire estava certo.

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