
Delicado, como delicado é um corpo de mulher. Violento, como violenta é uma tempestade. Mas ainda este assunto é sobretudo um tabu. Sobre tabus não se fala, sobre tabus não se pensa. Sobre todo o resto se fala exaustivamente, cansativamente, propositadamente, porque dá audiência.
Debaixo das máscaras da vida (pós) moderna, o homem finge que não é mais bicho. Um homem de terno e gravata não produz desgraças que dão audiência, estas acontecem só nas favelas, nos cortiços, onde as pessoas são guiadas pelo instinto, como formigas... pois sim. O homem de terno e gravata comporta-se como um javali.
Meninas de 13 e 14 anos nas filas para entrar nas passarelas, meninas de 13 anos grávidas, garotas de 19 anos vendendo cerveja com seus corpos, vendendo chocolate solúvel, chinelos e motos emoldurados por seus corpos. Garotas de 13 anos que ainda querem ser a Barbie, que dançam funk, que querem ser desejadas.
Debaixo das máscaras da vida (pós) moderna, o homem finge que não é mais bicho. Um homem de terno e gravata não produz desgraças que dão audiência, estas acontecem só nas favelas, nos cortiços, onde as pessoas são guiadas pelo instinto, como formigas... pois sim. O homem de terno e gravata comporta-se como um javali.
Meninas de 13 e 14 anos nas filas para entrar nas passarelas, meninas de 13 anos grávidas, garotas de 19 anos vendendo cerveja com seus corpos, vendendo chocolate solúvel, chinelos e motos emoldurados por seus corpos. Garotas de 13 anos que ainda querem ser a Barbie, que dançam funk, que querem ser desejadas.
Uma coisa fica clara, toda mulher quer ser desejada.
Recentemente meus alunos colegiais assistiram “Brava Gente Brasileira”. O filme, narra um pouco da trajetória do povo kadiwéu. O “mocinho”, o português Dom Diogo, vem para o Brasil demarcar terras, está absorvido pela idéias de Rousseau sobre o bom selvagem, romantiza e desenha a natureza com olhos de europeu. Pedro é mestiço, um desbravador, chefe da expedição que deve conduzir Dom Diogo mata adentro. Quando as culturas cristã e guaicuru se encontram no seio da mata virgem, há o choque. Estupros, morte, guerra. Dom Diogo não quer tomar parte nisso, mas Pedro diz: “Você não é diferente de ninguém. Nós só estamos aqui por sua causa. Prova pra todo mundo que é homem.”
Darcy Ribeiro já disse que o povo brasileiro é fruto do estupro da negra e da índia. Nosso “mocinho” do filme contudo, acaba se apaixonando pela princesa kadiwéu que violentou e a mantém cativa até que nasce o filho deles que ela mata. As índias guerreiras deviam ter um ou nenhum filho, para poder fugir do inimigo e sobreviver. A morte do filho dentro ou fora do ventre, não era um tabu. Mas para o português, este gesto representa algo anti-natural, pois para ele, a mãe deve sempre amar e proteger o filho, ainda que indesejado. Para o homem branco, desbravador, o gesto da índia representa mais, é a não continuação de seu sangue nesta terra.
Pouca coisa mudou desde que sou criança até agora. Mulheres jovens continuam na vitrine. Meninas são treinadas a serem mães com bonecas industrializadas. E aos homens cabe o poder de decidir sobre a vida. A mulher é quem gera, mas não é seu o poder de decisão. A Igreja continua vendo o aborto como barbárie.
Recentemente meus alunos colegiais assistiram “Brava Gente Brasileira”. O filme, narra um pouco da trajetória do povo kadiwéu. O “mocinho”, o português Dom Diogo, vem para o Brasil demarcar terras, está absorvido pela idéias de Rousseau sobre o bom selvagem, romantiza e desenha a natureza com olhos de europeu. Pedro é mestiço, um desbravador, chefe da expedição que deve conduzir Dom Diogo mata adentro. Quando as culturas cristã e guaicuru se encontram no seio da mata virgem, há o choque. Estupros, morte, guerra. Dom Diogo não quer tomar parte nisso, mas Pedro diz: “Você não é diferente de ninguém. Nós só estamos aqui por sua causa. Prova pra todo mundo que é homem.”
Darcy Ribeiro já disse que o povo brasileiro é fruto do estupro da negra e da índia. Nosso “mocinho” do filme contudo, acaba se apaixonando pela princesa kadiwéu que violentou e a mantém cativa até que nasce o filho deles que ela mata. As índias guerreiras deviam ter um ou nenhum filho, para poder fugir do inimigo e sobreviver. A morte do filho dentro ou fora do ventre, não era um tabu. Mas para o português, este gesto representa algo anti-natural, pois para ele, a mãe deve sempre amar e proteger o filho, ainda que indesejado. Para o homem branco, desbravador, o gesto da índia representa mais, é a não continuação de seu sangue nesta terra.

Pouca coisa mudou desde que sou criança até agora. Mulheres jovens continuam na vitrine. Meninas são treinadas a serem mães com bonecas industrializadas. E aos homens cabe o poder de decidir sobre a vida. A mulher é quem gera, mas não é seu o poder de decisão. A Igreja continua vendo o aborto como barbárie.
E barbárie não se discute, combate-se. É mais fácil criminalizar algumas mulheres que assumir a responsabilidade que todos têm na estrutura social que se mantém a partir do domínio sexual de alguns.
imagens: menina rezando para Santa Barbie e capa de mangá
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