Teatro se faz é descalço! Com os pés nus um monge medita. Com os pés nus viemos ao mundo. Descalços fazemos amor. Descalços fazemos teatro.
Pisando a terra descalços é que nossos ancestrais plantaram e colheram. Alimentar-se do que a terra dá e semeá-la no tempo certo será também função do artista?
Um homem foi convidado para ir ao teatro. Colocou sua melhor roupa, seu melhor sapato, seu melhor chapéu. Esperou seu amigo Godô que iria com ele. Está até agora esperando. O que teria acontecido se este homem resolvesse ir descalço ao teatro?
Cada vez que um grupo de teatro está na rua, apresentando-se, acontece uma coisa mágica: não é preciso pagar ingresso, não é preciso ter pressa, qualquer roupa, qualquer chapéu e qualquer sapato é bem-vindo. Cada vez que o teatro sai à rua, de repente é como se algo fosse posto a nu.
Descalços nossos antepassados sentiram necessidade da arte e trataram dela com a mesma importância que se trata de uma semente.
Cada sorriso que um artista de rua colhe é como um momento suspenso de poesia. Flutua-se. Ninguém precisa de sapatos quando flutua.
Que a terra – sob nossos pés – nos seja leve!
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