quinta-feira
Será que vocês podem só me deixar aqui quietinha, ouvindo música, fumando e escrevendo? Há algum pecado nisso? Algo errado?Por que tenho que prestar contas de utilidade dos meus atos? Isso me cheira a perda de tempo. A vida não pode se fazer mais simples. Mais perto da terra... isso não parece nada importante. Por quê? Quem me ensinou isso?Tudo precisa ser formalizado, autenticado, acordado. Nada pode dar no vazio do presente sem sentido da espera do próximo instante. Porque preciso viver intensamente o tempo todo, sem descanso. Preciso de estímulos para manter-me acesa. Não devo jamais ser uma vela apagada. Uma vela apagada não presta pra nada. Não posso pegar emprestada a inutilidade das coisas. Não seria de bom tom.Não posso dar no vazio. Não posso viver em silêncio. Não posso ser inútil. Não devo ter pressa. Não devo estar presa. Não devo parar de orar e vigiar. Não posso vagar. Não posso arder. Não devo fugir. Não é adequado perder-se. Não posso comer demais. Nem de menos. Nem virar de cabeça pra baixo. Nem passar muito tempo sentada. Não devo alimentar os vícios. Não posso me virar para o outro lado. Não quero que me toquem sem eu deixar. Não tenho tempo.Sim! Você me diz. Sim e eu mergulho. Respiro dentro. Ninguém pode me dar a liberdade, mas parece educado pedir.
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Um comentário:
Engraçado como a cabeça ocidental gosta de se fixar no "não pode" e no "não posso".
Refletindo nesta semana concluí que só é possível praticar Yoga com a mente imóvel apoiada no "eu posso".
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