Me aprazem tempos como estes que ora vivemos
Quando de repente alguém se dá conta de que Lennon tinha razão e realmente todos precisamos é de amor, não de guerra. Quando uma criança aparece na televisão fumando craque e diz coisas com muito mais coerência que qualquer presidente. Quando alguém vê a polícia levar os pertences de um mendigo e se comove e decide fazer alguma coisa. Quando a poesia está em todas as partes, seja no rap, seja nas crianças.
São tempos de mudança, são ventos de mudança sim. Mas, não se iluda. Mudança só acontece com vulcão e tempestade. Com miséria e riqueza de novo jogadas pra cima. Por que mudança só acontece mesmo é dentro. Tempo só existe mesmo é dentro - pelo menos por enquanto aqui nesta vida. Mudança não é novo começo. Começar de novo a mesma merda, dá na merda de sempre.
São tempos de virar, mexer... cutucar de verdade, enfiar o dedo na ferida, tascar o beijo na boca antes que a gente acabe. Que, como dizia minha vó, "O mundo não acaba. O que acaba são as pessoas"
"É pracabá!"
Nesse mundão de meu deus cadeia é pra hôme, fogão é pra mulher. E poder é uma palavra gasta. Só isso.
Aqui quem vos fala sou eu, a voz desta androginia perdida. Aquela-aquele que busca o elo que está para além do encaixe bonito do sexo. Aquele-aquela que voltando a ser um, terá finalizado a odisséia.
Aqui quem vos fala é quem anseia o silêncio, o grande silêncio da Morte.
O silêncio de quem não é jamais silenciado. O silêncio infinitesimal entre uma nota e outra.
A abolição das palavras, essa prisão invisível de última geração! Aprisionou os saberes. Aprisionou o verdadeiro lado racional do homem, este bípede implume. Nunca uma definição foi tão acertada.
Me aprazem tempos como este de agora. Onde os segundos são contados no seu banco de horas. Porque embora eu seja péssima de matemática, adoro ficar contando. Sou péssima de lógica porque tenho preguiça de prestar atenção. Prestar atenção é um serviço muito sério que deveria ter pagamento previsto no banco de horas de todo mundo.
Estes tempo me apraz só porque estou viva dentro dele. Viva, em pé e nua. Não quero parecer bonita, não quero parecer útil. Estou aqui. Sozinha. Dentro deste tempo que me apraz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário