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segunda-feira

Bicho de Estimação

Os médicos diziam que era bronquite. Que podia ter sido provocada pela convivência com um gato ruivinho e branco que me adotou quando eu era criança. Ele apareceu lá em casa. Vinha na janela e esperava eu acordar.
Minha vó dizia que eu tinha fraqueza. Antes de morrer, queria fazer pra mim um remédio pra me curar da tal bronquite. Bem que me curou só pela intenção.
Eu tive uma cachorra que dormia comigo na cama. Antes de morrer, ela me esperou chegar da escola. Se levantou, abanou o rabo pra se despedir e morreu. Não chorei. Enterrei ela no quintal e plantei uns pés de feijão lá depois.
Nesse mesmo quintal, minha mãe matou um gato uma vez com pauladas na cabeça. Matou porque o bicho circulava por ali e deixava os cachorros latindo feito doidos.
Esse lugar não existe mais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Da bronquite eu sei bem... diziam que era o tempo, que o tempo mudava e a bronquite vinha. Eram outros tempos; hoje o tempo passou e bronquite foi embora... mas de vez em quando ela volta, com outro nome. É igual mas diferente. E eu que sempre que quebrava os carrinhos pra saber o que tinha dentro, que abria o rádio pra ver o motorzinho, hoje me pergunto o que acontece dentro da gente pra ter bronquite. Mas, assim como a voz que sai do rádio não vem de um lugar de fora do aparelho, a bronquite também não tá dentro do motorzinho. Ela vem como uma onda de rádio provocada por interferências, ruídos e sintonias ! E acabei desistindo de abrir os rádios e desenrolar os fios, hoje em dia prefiro ouvir as músicas... músicas de tiozinho !

Natália disse...

É engraçado, mas é trágico!
Você escreve muito bem!