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sábado

Mulher de Verdade

O sonho de Amélia era ter um varal
Onde pendurar roupas brancas e coloridas
Dos filhos, que queria dois, um casal
Do marido

Aquelas roupas todas lavadas uma a uma a mão
Sem máquina
Com sabão caseiro
Tudo feito com um amor que nem cabe neste poema

O sonho de Amélia era pendurar cortinas de renda nas janelas
Uma renda feita por ela no bilro
Daquelas que dançam nos dedos e no beiral
Uma cortina só, uma janela só

O sonho de Amélia era comer em cumbuca
Com a mão, acocorada no chão
Olhando o mundo sem pressa
Sem pressa, sem dó, sem nada

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