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sábado

Em Olinda os Cronópios dançam com fogo

Quando a lua vai crescendo, enche meu coração de memórias.
Hoje lembrei de uma argentina que conheci numa viagem de carona que fiz de SP a Olinda-PE. Era artista de rua, destas que dançam com fogo. Obviamente foi amor a primeira vista e recíproco. Amor e encantamento. Num papo breve sobre autores Jorge Luis Borges foi consenso. Até que perguntei a ela o que achava de Júlio Cortázar. "Enquanto a Argentina enfrentava uma ditadura, ele escrevia sobre Cronópios". Foi a resposta.
Cortázar era um desterrado. Ele próprio um cronópio. Não nasceu na Argentina, embora lá tenha vivido muito tempo. Para mim os cronópios e os famas são a própria alegoria, não de uma polaridade política, direita-esquerda, nem da dicotomia bem-mal, para além disso, são o apolíneo e o dionisíaco encarnados fábula. Uma fábula amoral.
Quanto a moça argentina cujo nome me esqueci, ela própria um cronópio, seguiu sua estrada com uma saia preta que dei de presente a ela. Em Olinda coube a um fama presentear à moça.

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