Ele escolheu. Ficou trancado três meses rezando pela serenidade de saber distinguir aquilo que pode daquilo que não pode ser mudado. Engaiolou felinos e tenta domá-los. Algo no seu instinto não vai bem.
Ela não pode escolher. A família largou lá com seus bibelôs, seu tempero baiano, seus brônquios inflamados, rezando para que não haja lagartixas pela casa, que a velhice seja limpa. Felinos entram e saem livremente, quem está engaiolada é ela. Algo no seu instinto extinguiu.
Ele escolheu. Ficou com as cachorras, a casa, suas artes marciais, seus vícios virtuais, sua fala eloquente e sua dor de corno. Trancafiou as fraquezas e forças numa cela estreita. Algo no seu instinto é um pouco mau.
Ela não pode escolher. Tentou o comércio de remédios lícitos, o despacho autorizado dos cartórios, a poção afrodisíaca da mística, a farinha integral. Voltou pras ruas e quer sair da pista de quem tem seu rastro. Algo no seu instinto não vai bem.
Me disseram que preciso escolher um só. Coluna ou caminho do meio? Mas sei que não tenho escolha. Algo do meu instinto não vai mal.
(nenhum dos personagens desse conto é fictício)
Um comentário:
Soco no estômago.
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