Diana tem quinze anos mas ela já se sente pronta para morrer. Não dá pra saber exatamente se ela se deu conta disso, mas é um fato. Ouvi dizer que os fatos não se contestam.
Ela tem pernas longas, sente-se desajeitada e feia. Agora está andando pela rua pensando na sua escola e nas outras meninas de lá. As outras meninas da sua idade, todas estão prontas para viver, ter filhos, casar, sei lá... Diana, não. Mas não é nisso que ela pensa. Ela se compara fisicamente às meninas. O tamanho dos peitos, da bunda... Uma vez uma professora falou que ela era bonita e ela pensou: Que adianta? Agora ela se lembra disso enquanto desvia de um moço na rua. Hoje as ruas estão mais vazias e ela gosta de andar. Sua cidade é grande e ela é só mais uma. Ainda assim, não sei como, ela se sente acolhida.
Diana está sentada no sofá da sala esperando o feijão ficar pronto. Ela fuma um cigarro devagar aproveitando. Ela sabe que não deve fumar. Ela sabe exatamente tudo que não deve fazer e tudo que não deve fazer de novo. Ela não se importa com o que deve ou não fazer enquanto fuma seu cigarro e escuta música violenta. Acha bonitas suas unhas pintadas segurando o cigarro rústico. Sente-se uma artista de cinema por uns breves segundos que vão com a fumaça. Ela está de saco cheio e este cigarro e essa música e essas unhas são seu remédio. Seu remédio é ainda poder escrever e ouvir música, fazer comida. Ela usa avental de cozinheira. Ela pensa em todas as mulheres que têm as unhas pintadas, usam cremes na cara e esperam pacientemente seu feijão cozinhar.
2 comentários:
Sim. Agora vejo que irei ler algo bom nessa tal de internet. Salve Dinha (ou SalvaDinha), o espaços estão aí pra serem preenchidos. Claro que quem tem boas idéias e o que escrever tem preferência. Espero que seja o primeiro de muitos textos seus a invadir o ciberespaço... Beijão
Claver esteve por terras sãocarlinas (alcalinas) na semana passada, dizendo que não teve coragem de pisar perto do Aloja Véio da UFSCar com medo de se emocionar muito.
Eu te entendo, Claver.
E no ciberespaço também vale o mote do MST: "Ocupar. Resistir. Produzir!"
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