O homem está condenado à razão.
Quando pousada nela só há urubus, a Árvore do Conhecimento rende poucos frutos.
A Academia: suas becas, seus beckers, seus diplomas, sua necessária burocracia e seu conhecimento todo em pilhas de palavras de papel para que o Sr. José * catalogue na Conservatória Geral, esta Academia não admite "...a exitência de uma espécie de sabedoria involuntária , daquelas que parecem ter entrado no corpo por via respiratória ou por dar o sol na cabeça, e por isso não são consideradas dignas de particular aplauso."**
Por dentro das tubulações dos seus canudos a Academia não admite que circule a espontaneidade dos sabiás à qual se refere Rubem Alves, bem como não admite que a aprendizagem do mundo venha do desejo de tomá-lo para si. Não admite e prega em suas portas: não há vagas. Os sabiás se vão.
Enquanto isso é possível ouvir por trás de suas portas cerradas o suspiro de esforço de alguns alunos pelos corredores, dizendo de si para si: não consigo aprender aqui.
Não há muito para se aprender, o volume de conhecimento possível de se acumular em quatro -ou cinco ou oito- anos de universidade é pequeno, o que se pode aprender é a estudar sozinho, se tiver uma vontade forte. A frase mais famosa entre estudantes de engenharia "Aquele professor sabe muito mas não tem nenhuma didática". A atividade educativa nas universidades, segue em segundo plano.
" No entanto, apesar desta atividade educacional ser considerada muito necessária, é também vista como atividade de baixo status para um cientista, um desvio do esforço do pesquisador, cujo interlocutor ideal é outro cientista, capaz de dar-lhe o crédito e o reconhecimento, e não o leigo, incapaz de entendê-lo."***
São saberes diferentes, desvaloriza-se o saber intuitivo e instintivo para dar-se cor ao saber "instituitivo" -se os acadêmicos me permitirem o neologismo. Considera-se como cultura e ciência apenas aquilo que pode ser fruto de uma análise cartesiana. É por isso que, mesmo para aqueles que estão dentro da Academia é difícil ter acesso ao conhecimento científico, pois este, fruto de uma rígida disciplina, não pode circular fora das tubulações dos canudos. Como não dialoga com o mundo de fora, o conhecimento fica estagnado e só pode mesmo atrair a presença de urubus.
"Em terra de urubu, sabiá não canta". O homem está condenado à veradade. As verdades absolutas e relativas dos urubus das Academias adoecem os frutos da Árvore do Conhecimento. Os sabiás vão embora com a frase de Nietzsche no bico: " O homem precisa de arte para não morrer da verdade".
notas:
* Sr. José, personagem de José Saramago no livro "Todos os Nomes" trabalha na Conservatória Geral, um arquivo de registros.
** José Saramago in "Todos os Nomes" p. 34,35
*** Mueller, página retirada da Internet, p. 3
Quando pousada nela só há urubus, a Árvore do Conhecimento rende poucos frutos.
A Academia: suas becas, seus beckers, seus diplomas, sua necessária burocracia e seu conhecimento todo em pilhas de palavras de papel para que o Sr. José * catalogue na Conservatória Geral, esta Academia não admite "...a exitência de uma espécie de sabedoria involuntária , daquelas que parecem ter entrado no corpo por via respiratória ou por dar o sol na cabeça, e por isso não são consideradas dignas de particular aplauso."**
Por dentro das tubulações dos seus canudos a Academia não admite que circule a espontaneidade dos sabiás à qual se refere Rubem Alves, bem como não admite que a aprendizagem do mundo venha do desejo de tomá-lo para si. Não admite e prega em suas portas: não há vagas. Os sabiás se vão.
Enquanto isso é possível ouvir por trás de suas portas cerradas o suspiro de esforço de alguns alunos pelos corredores, dizendo de si para si: não consigo aprender aqui.
Não há muito para se aprender, o volume de conhecimento possível de se acumular em quatro -ou cinco ou oito- anos de universidade é pequeno, o que se pode aprender é a estudar sozinho, se tiver uma vontade forte. A frase mais famosa entre estudantes de engenharia "Aquele professor sabe muito mas não tem nenhuma didática". A atividade educativa nas universidades, segue em segundo plano.
" No entanto, apesar desta atividade educacional ser considerada muito necessária, é também vista como atividade de baixo status para um cientista, um desvio do esforço do pesquisador, cujo interlocutor ideal é outro cientista, capaz de dar-lhe o crédito e o reconhecimento, e não o leigo, incapaz de entendê-lo."***
São saberes diferentes, desvaloriza-se o saber intuitivo e instintivo para dar-se cor ao saber "instituitivo" -se os acadêmicos me permitirem o neologismo. Considera-se como cultura e ciência apenas aquilo que pode ser fruto de uma análise cartesiana. É por isso que, mesmo para aqueles que estão dentro da Academia é difícil ter acesso ao conhecimento científico, pois este, fruto de uma rígida disciplina, não pode circular fora das tubulações dos canudos. Como não dialoga com o mundo de fora, o conhecimento fica estagnado e só pode mesmo atrair a presença de urubus.
"Em terra de urubu, sabiá não canta". O homem está condenado à veradade. As verdades absolutas e relativas dos urubus das Academias adoecem os frutos da Árvore do Conhecimento. Os sabiás vão embora com a frase de Nietzsche no bico: " O homem precisa de arte para não morrer da verdade".
notas:
* Sr. José, personagem de José Saramago no livro "Todos os Nomes" trabalha na Conservatória Geral, um arquivo de registros.
** José Saramago in "Todos os Nomes" p. 34,35
*** Mueller, página retirada da Internet, p. 3
Prefácio para trabalho acadêmico de conclusão de curso do meu amigo Júnior, vulgo Juniore, 2005
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