23 de janeiro - 20h20 - Ônibus de luxo com ar condicionado, café e geladeira. Somos apenas 12 pessoas, quase todos mais jovens que eu, a maioria estudantes. Além desses, uma senhora que trabalha com saúde pública e o dono de uma loja de artigos indígenas.
Obviamente nossa saída de Santana atrasou um monte e tenho dor de estômago porque só comi um risoli, uns pães de queijo e uma banana. Na parada do posto, comi um pão com ovo, um pingado e uma cerveja. Vamos para o Rio e depois pra Palmas, pegar um pessoal, só depois rumamos pro Pará.
A Vanessa, que está no ônibus conosco, distribui uns jornais "Brasil de Fato" que logo vão virando lixo. Eu tenho paciência de ler um artigo sobre o Sarney. Recorto trecho curioso:
"No Maranhão ninguém duvida pois é lá que está o cerne da questão. Enveredando pela gratuidade da filigrana jurídica, vê-se que existe o dedo alheio. E é o maior de todos, não o mindinho. Quem dedou tem poderes para fazê-lo e fez.
O dedo do caso de Lago é o mesmo que ceifou a trajetória dos mandatos. O dedo tem nome e atende por José Sarney, o mesmo que pretende a presidência do Senado para dar uma mãozinha ao filho (...)"
- É um artigo acusando o Sarney de tentar tirar o Jackson Lago do governo e colocar a filha Roseana. Quem assina João Capibaribe do PSB, ex-senador. O paralelo é genial: dedo, mãozinha.Lembrou-me a performance do Pantomime Jazz a que assisti que trazia bizarras figuras de terno e com cabeças de relógio e polegar. Também lembrei de um texto do Henfil que adaptamos para teatro e encenávamos com os dedos em riste sobre um tal "DEduardo" Vilela.
Na Dutra, recebemos revistinhas supercoloridas da "Nova Dutra" com um monte de propaganda, entre elas um protetor de pneus para evitar xixi de cachorro. Afinal, não há realmente nada que preste pra ler e não trouxe nenhum livro.
Dormi de SP a Guaratinguetá e agora quero "economizar o sono".
Perto de meia- noite chegamos ao Rio. O ônibus encosta perto do Teatro Municipal e enquanto mais doze pessoas embarcam eu e o Piteco saímos à caça de um boteco. Encontro um onde como o melhor caldo de mocotó da minha vida. Seguimos viagem noite adentro.
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