O que é que tem? Faz tempo?... Mas e daí? Esse carinha mexe com você ainda, né?
Falava ao telefone móvel compulsivamente sem pudores para com as pessoas ao redor de si.
Sei. ... E onde foi que você viu?... Ele te viu, ou não? ... Você ficou nervosa? ... Não acredito!
Dava entonações modulares à voz como se aquilo se tratasse de uma radionovela via telefone e a pessoa do outro lado da ligação precisasse sentir toda sua emoção.
Mas como se nada tivesse acontecido?... Menina!
Algumas pessoas ao redor começaram a dar mostras de incômodo. Um senhor que tentava dormir no banco logo à frente, começou a virar-se para mostrar desconforto.
Mas aquela vez foi quando vocês ficaram ou quando vocês transaram?
A senhora que está no banco em frente ao meu, arregala os olhos e faz cara de desaprovação.
Ele fez o quê? ... E mesmo assim você quer voltar pra ele?
O celular do cara que está bem ao lado da mocinha, toca. Ele tenta falar baixo mas ela continua gritando ao seu lado.
Oi. Tô chegando em casa...
Francamente! Isso pra mim tem nome: falta de vergonha na cara!
...Não. Tô no metrô!
O cara desce. A mocinha não. O senhor mudou de lugar. A senhora está ainda de cara feia.
Claro! Vai dizer que você não faria a mesma coisa? Fala sério!
Levanto pra descer e a mocinha levanta também.
Não, Ju! Tô sendo sincera com você. Esse cara não te merece. ... Você fazia tudo pra ele! ... Sim mas você acha que ele vai querer?... Não estou falando que a culpa é sua, quero dizer que você precisa partir pra outra...
Ela sobe a escada rolante pelo outro lado e seu diálogo público vai sumindo na distância. Os ruídos da cidade aumentam quando saio na rua e fico pensando que esses barulhos conversam comigo também.
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