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terça-feira

A terra não é cenário pros desenredos da gente

As cordas da viola caipira alastram feito raiz braba tangendo para longe tudo que desenfeita o luar do sertão. O poeta sertanejo embola no pandeiro o som que embala cada batida da sua enxada na terra seca nordestina. Uma senhora dança tão viva que pega parecença com rio.
Artistas do mato não faltam. Tem escultor, pintor, escritor, cantador, uma fartura! Natureza inspira arte, fluência, encantamento. Arte cria naturezas novas na pessoa que não se deixa endurecer pelas pedras das cidades. Se a natureza adoece, a arte se manifesta. A Terra não é só cenário pros desenredos da gente. Ela é uma coisa viva dançando linda no espaço; dum só sacolejo dela morrem e brotam milhões de criaturas.
Daí veio essa mania de falar em “meio ambiente”, “ecologia” como se fossem coisas que estão pra fora da gente. Em caboclo de verdade até cresce mato dentro. A gente é solo fértil pra tudo, se não arar as ervas daninhas alastram.
Os filhos desta Terra pegaram de viver torto, onde já se viu colocar cerca até em semente? O nome é até sonoro “monopólio”, “transgenia”, mas sabe-se lá o que é isso?! Nesta selva das cidades onde um engole o outro, o valor que as pessoas tem não pode ser impresso em papel moeda. Se o valor que a gente tem é de mudar as coisas, que se mude para o bem.

(texto originalmente publicado no jornal A Caipora da Escola CAASO)

Um comentário:

Mac e Lafa disse...

Oi Dinha!!! Parabéns pelo blog. Em julho passado lancei meu zine e queria te mandar um exemplar. Veja também meu blog!!! Beijos!!!

-Lafaiete-