não tenho mais paciência
para o que não tem nome
quero a palavra exata
parida das entranhas
do sentido
com tradução em mais línguas
pois quando eu esquecer os nomes
por falência múltipla dos óvulos
ou por seleção natural dos cabrestos
ou por gastura fina da foice daquilo que deixo quieto
ou por dano psicofísico irreparável
ou por distração
quando eu enfim,
esquecer por qualquer motivo os nomes
preferirei saber que esqueci o nome da coisa
que esqueci o nome da pessoa
por modos que os nomes importaram menos
que aquilo que tentamos traduzir
(Dedico este poema, ao professor argentino que nos idos de há 20 anos, pediu desculpas ao aluno por não lembrar seu nome. "É que eu treinava para esquecer os nomes das pessoas durante a ditadura". - Justificou)
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