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quinta-feira

ChuvEU

Nada cinza. Naquele dia estava tudo chumbo e branco. Ela só segurou minha mão, segurou e foi. Confiou e eu chorei porque ela confiou, chorei porque não sabia quando ia poder ver os olhos dela de perto de novo, nem quando poderia ouvir sua voz alegre pela manhã, nem quando poderia sentir de perto de novo o cheiro dela que era o mesmo da minha vó que já se foi. Eu queria poder cuidar dela mais um pouco, mas não estava mais podendo me por em pé sozinha.
Eu comecei a adoecer da cabeça e então segurei na mão dela e ela foi.
Me disseram que eu fiz muito, mas não cri.
Me disseram que ela seria bem cuidada mas não cri.
Me disseram que tudo ficaria bem mas não cri.
Eu chovo, mãe. Verto água, adentro as águas de Oxum, procurando você na natureza. E até na minha natureza eu te procuro, minha natureza ruim adoecida agora de não saber o que fazer de mim.

Um comentário:

Ana Luiza disse...

Chorando aqui.