Mãe, semana passada estive numa escola. Lembra que você me disse que fazer cinema, fazer arte não era pra mim? Acho que era um pouco verdade. Estive numa escola e lembrei como é importante estar perto de gente que acabou de chegar no mundo. Gente com cheiro e cor sem disfarce, sem capa dura. Lembrei que eu sempre fui amiga das crianças e adultos e adolescentes que tinham aulas comigo. De como cada pensamento é como semente viva crescendo dentro da gente. Lembrei do seu conterrâneo Paulo Freire. Eu vi uma menina cantando a dureza que é ser criança hoje. Eu vi tanta beleza esparramada nos olhos daquelas crianças, mas também tanta força, tanto brilho, tanta luz, tanta pele preta matizada de cores indizíveis. Traduzidas nos corpos, na vida, na voz que pulsa fora forte.
Eu vi pessoas sem idade ali.
A pedagogia da liberdade voltou a cantar tão alto no meu sangue que pedi pra todo mundo se ouvir e no eco do outro soou um estrondo que era um coro lírico dizendo: ainda não acabou!
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